Dinheiro & Negócios | 11 Março 2022
A ordem na quase ex-estatal é encher os cofres dos acionistas e quebrar consumidores
Após o novo reajuste promovido pela Petrobras nas refinarias na quinta-feira (10), o preço do litro da gasolina já chegou a R$ 7,99 em postos de combustíveis de Natal.
Consumidores formaram filas nos postos de todo país para tentar abastecer seus veículos com o preço antigo, já que o novo só entraria em vigor a partir de hoje, embora muitos empresários anteciparam o reajuste para ontem mesmo.
Segundo a empresa, o litro da gasolina ficou 18,8% mais caro, enquanto que o do diesel subiu 24,9% para as distribuidoras.
O reajuste está relacionado com a redução na oferta global dos produtos, como consequência da guerra entre Rússia e Ucrânia.
Horas após o anúncio do aumento nos preços às distribuidoras de combustível, o litro da gasolina comum já era encontrado por R$ 7,99 em dois postos da Avenida Ayrton Senna, zona Sul da cidade.
Além deste, outro estabelecimento na Avenida Prudente de Morais, em Lagoa Nova, também trazia o novo preço.
Nos locais analisados, o litro da gasolina aditivada custava R$ 8,10.
O martírio de abastecer o carro no Rio Grande do Norte só aumentou ao longo dos últimos meses.
Encher o taque ficou 20,4% mais caro em um ano. Em março de 2021, o potiguar precisava desembolsar R$ 285,50 para encher um tanque de 50 litros, por exemplo, enquanto que hoje a mesma quantidade de combustível está custando R$ 343,65 em média.
O cálculo foi feito em cima do preço médio do litro de R$ 6,873, segundo dados do início da semana da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Em Brasília, a Câmara dos Deputados encerrou a votação do projeto que altera a cobrança do ICMS sobre os combustíveis, após aprovar a maioria das alterações do Senado e retirar o querosene de aviação da incidência única do imposto.
A proposta, defendida pela equipe econômica do governo, seguirá para sanção presidencial.
O projeto do ICMS enfrenta uma artilharia de governadores, que não querem abrir mão de arrecadação em ano eleitoral e prometem ir ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a alteração, apesar da alta nos preços anunciada nesta quinta-feira, 10, pela Petrobras e das filas que o anúncio provocou nos postos de gasolina.
Ao aprovar o texto, a Câmara rejeitou um dispositivo aprovado pelo Senado que acionava um gatilho para correção do imposto cobrado pelos governadores. A medida permitia que Estados ajustassem o ICMS, para baixo ou para cima, conforme a oscilação dos preços, desidratando o modelo instituído pelo projeto.
Com o projeto, o ICMS, principal fonte de arrecadação dos Estados, deverá ser cobrado sobre o litro do combustível, e não mais sobre o preço final do produto. Além disso, o modelo de cobrança deverá ser em apenas uma etapa da comercialização, e não em toda a cadeia até o posto de gasolina. (Tribuna do Norte e do Estadão)